"O City não se apequenou e evitou com que os fantasmas de eliminações recentes causassem problemas"
Por Valentin Furlan — São Paulo
15/04/2021
O Manchester City está nas semifinais da Liga dos Campeões após cinco anos e pela primeira vez sob o comando de Pep Guardiola. E o 2 a 1 pode trazer uma impressão não tão realista de como a partida decisiva andou.
Após um jogo de ida um tanto quanto inseguro, os Citizens se portaram extremamente bem, mesmo após sofrerem o 1 a 0, que daria a vaga aos alemães fosse concretizado ao apito final. O gol do jovem Jude Bellingham não alterou a forma dos ingleses atuarem, pelo contrário. O time ficou muito perto de empatar e, possivelmente, virar o jogo, ainda na etapa inicial. No segundo tempo, o time deslanchou.
Mas quais foram os pontos principais para a vitória?
🤵 Atuação de gala de Gündogan
Simplesmente sensacional. Não fez gol. Não deu assistência. Contudo, o alemão foi o cara do jogo, assim como tem feito em outras partidas, concretizando sua melhor temporada da carreira.
Nos primeiros 45 minutos, De Bruyne fez a função de falso 9 e, consequentemente, não participou ativamente na criação das jogadas, mas da finalização - quase marcou um golaço da entrada da área, mas mandou no travessão. Com o belga mais avançado, a esperança da armação se residia em Rodri, Gündogan e Bernardo Silva, tendo o primeiro feito uma partida estritamente segura como volante e o último, partida apagada.
Mas Gündogan respondeu à altura. Fosse em triangulações inteligentes, fosse nos famosos 'passes laterais' com intuito de cada vez mais espaçar a muralha amarela, o meio-campista foi o dono do segundo terço do gramado. Marcou bem quando teve que marcar e foi o grande desafogo do time perante a marcação cerrada da defesa do Dortmund.
Portanto, a função de Gündogan na articulação foi essencial para que o City explorasse o perímetro da área dos donos da casa e, consequentemente, criasse suas melhores chances, sobretudo pelo lado esquerdo, com Zinchenko.
Aliás, falando nele...
🤯 (In)questionável decisão de Guardiola
Pois é, Cancelo não foi titular. Sequer entrou em campo, na verdade. E haja questionamentos na direção do treinador citizen antes da bola rolar. Seria uma manchete já conhecida: 'alterações no time titular são algoz em eliminação na Champions'. Foi assim no ano passado, em derrota para o Lyon, quando Sterling fez função de centroavante, e fora da mesma maneira contra o Tottenham, em 2019, quando De Bruyne começou a partida de ida como reserva. O VAR acabou sendo o centro das atenções no fim.
Decisões à parte, Guardiola desta vez nos provou errados. Zinchenko repôs o ex-Juventus muito bem. Foi um dos melhores em campo na etapa inicial e, aliado ao já citado Gündogan, além de Phil Foden e De Bruyne, só não fez chover na ponta esquerda do campo. Foi por lá que saiu o cruzamento para o toque de mão de Emre Can, por exemplo, seguido de gol de pênalti.
O ucraniano realizou lançamentos inteligentes e teve papel fundamental na troca de passes pelo setor. Não se afobou ao mandar bolas na área: aguardava o momento certo e não pecava no momento de acertar o alvo. Defensivamente, por outro lado, o Dortmund foi indubitavelmente anulado. O jovem Knauff não teve vida fácil e fez partida apagada. A entrada do talismã Pep Reyna, já na reta final, também se mostrou infértil contra o ímpeto defensivo de Zinchenko.
Assim, nos resta elogiar a carta na manga de Guardiola, que precisa de muita coragem para sacar um dos jogadores mais importantes da temporada em um momento tão delicado.
Maturidade exemplar
Não é novidade vermos o Manchester City perdendo pontos para equipes defensivamente bem postadas. Foi assim no último sábado (10), na derrota para o Leeds, com um jogador a mais. O jogo de ida deste confronto também poderia ser um bom exemplo, não fosse o gol de Phil Foden, no fim, concretizando a vitória.
De qualquer forma, os Citizens demonstraram muita tranquilidade. Mesmo quando estavam sendo eliminados, após o tento de Bellingham, não se amedrontaram em frente ao gol e conseguiram produzir chances contra uma boa defesa do Borussia Dortmund. A atuação de Gündogan muito tem a ver, como antecipado, além da rotação na posição de falso 9, que confundia a defesa alemã, mas fato é: o City não se apequenou e evitou com que os fantasmas de eliminações recentes causassem problemas.
O time ainda perde gols e isso é inegável. Mas a atitude com a bola no pé impressiona e reforça ainda mais o título de favoritos à Liga dos Campeões.
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