Argumento do ministério só funciona de tal maneira em um país utópico onde as pessoas respeitariam a quarentena e sabemos que por muito menos não o fazem
O órgão do governo em resposta ao protocolo médico nacional da CBF, disse se posicionar como favorável à volta do futebol. O ministério ainda fez ressalvas sobre o Guia de Retomada Progressiva, que foi elaborado por médicos dos clubes e da entidade nacional, no entanto, concluiu que "o futebol é uma atividade esportiva relevante no contexto brasileiro e que sua retomada pode contribuir para as medidas de redução do deslocamento social através da teletransmissão dos jogos para domicílio".
Talvez o questionamento mais interessante tenha sido em relação à falta de testes rápidos, tendo em vista a necessidade de atender a população. No documento encaminhado à CBF e aos clubes, o Ministério da Saúde faz uma sugestão: “garanta a realização dos testes e avaliações constantes não apenas nos atletas, mas também que seja ofertado aos membros das comissões técnicas, funcionários e colaboradores, assim como respectivos familiares e contactantes próximos". O órgão governamental ainda aborda em outro trecho a importância de se ter um plano estratégico detalhado e compactuado entre os diversos setores para se ter o “retorno das atividades futebolísticas sem a presença de público externo e planos de ação locais contendo a descrição das medidas de saúde, segurança e higiene, periodicidade de execução e responsáveis, que devem ser apresentados e validades pela autoridade de saúde local", ou seja, a autorização para o inicio das atividades de treinamento é de responsabilidade do município e o ministério não irá conflitar com o gestor local, que é quem vive a situação com proximidade. Por fim o governo aponta uma “discussão mais aprofundada” para que hajam ajustes que possibilitem a viabilização da retomada de maneira a não excluir as diferenças epidemiológicas loco-regionais.
Ao ler a minuta de parecer do ministério, é clara a vontade de trazer novamente a prática do futebol nacional, entretanto, com muitas ressalvas e nenhum apontamento claro do que deve ser feito para o mesmo. O que se vê são vários questionamentos.
Se pararmos para pensar e analisar, os próprios questionamentos do Ministério da Saúde no documento terá de haver uma força-tarefa enorme e muito bem organizada para que se atinja o objetivo, afinal somos um país enorme com muita diversidade no loco da pandemia e isso tudo geraria um perigo eminente de contágio para os 670 atletas, por exemplo, que disputam a Série A do campeonato nacional. Claro, sem contar o restante dos atletas distribuídos pelo País que também voltariam a atuar. Além, ainda, das centenas de pessoas que se deslocam ao estádio para fazer segurança e transmissão, por exemplo.
Enfim, por tudo que foi pontuado fica claro que o argumento do ministério para volta do futebol é facilmente refutado. Só funciona de tal maneira em um país utópico onde as pessoas respeitariam a quarentena assistindo futebol de suas casas e sabemos que por muito menos algumas não o fazem.
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