Tais transações abalaram e continuam abalando a balança monetária dos clubes
No últimos tempos, a contratação de jogadores renomados vindos do exterior virou moda entre os clubes brasileiros, sejam eles estrangeiros ou não. Alguns dos exemplos que podem ser citados são Rafinha e Filipe Luís, no Flamengo; Daniel Alves e o espanhol Juanfran, no São Paulo; mais recentemente, Keisuke Honda, o japonês bom de bola, no Botafogo. Todas elas abalaram e continuam abalando a balança monetária dos clubes, tanto superavitariamente, quanto deficitariamente, já que os lucros com vendas de camisa e exposição da marca coexistem com os altos salários e valores astronômicos a serem pagos a estes atletas. Não é surpresa nenhuma que, neste período sem jogos de futebol, tenhamos todos os holofotes ligados em direção aos bastidores dos times, onde qualquer rumor torna-se gigante na mídia. Segundo Raí, dirigente de futebol do São Paulo, em entrevista ao globoesporte.com, isso acontece em função da falta de assunto:
"Primeiro de tudo, contextualizar que qualquer possibilidade repercute muito mais num momento como esse, quando não está tendo jogo", afirmou o ex-jogador tricolor.
O mesmo ainda foi questionado quanto à possibilidade da chegada de Cavani, especulado após declaração esperançosa de Lugano, outro membro da direção do clube. Segundo Raí, este contexto não deveria nem mesmo despertar dúvidas, pois o São Paulo não teria condições neste momento. Cabe dizer também que a situação não é exclusiva do clube paulista, já que renda está longe de ser como antes para qualquer time brasileiro num presente sem partidas oficiais.
Na última terça-feira (05), surgiu a notícia de um contato do Botafogo com o holandês Arjen Robben, ex-Bayern de Munique. Em entrevista ao Canal do TF, o vice-presidente do clube carioca, Ricardo Rotenberg, afirmou:
"Para mim, foi o melhor jogador da Copa de 2014. O Messi ganhou porque é o Messi e foi vice-campeão. Mas ele é meu ídolo, acho um grande jogador. Tem o risco porque está muito tempo parado. Sondei, ele soube e me respondeu. Ficou feliz com a procura do Botafogo", revelou.
O dirigente ainda explicou que, como já imaginávamos, há o entrave financeiro no negócio:
"É muito difícil, está há muito tempo sem jogar e, se quiser, pode ganhar quatro vezes mais lá fora. Mas, ele sabe do Botafogo", completou.
O questionamento que nos resta é se vale a pena o investimento em grandes estrelas do futebol, ainda que com idade avançada. Sem dúvidas, estas transferências aumentam a visibilidade internacional do clube e polarizam empresas patrocinadoras, sendo, para estas, interessante oferecer seu produto ou serviço com uma grande personalidade estampada em sua marca. Mas, com o dinheiro investido pelo clube, parece mais viável e sensato que haja o direcionamento dessa verba, por exemplo, para as categorias de base. Estamos cansados de saber que os jovens atletas brasileiros, muitas vezes, têm potencial para tornarem-se grandes jogadores no cenário mundial. O grande impasse, na maioria das vezes, é a falta de oportunidade ou de mão-de-obra para que haja uma observação mais eficaz das jóias escondias pelo país. O raciocínio é lógico e básico caso seja explicado com números. Estima-se, por exemplo, que Daniel Alves receba mais de R$ 1 mi mensais de salário. Vamos usar este valor como base para a conclusão. 60% do mesmo resultaria em mais R$ 600 mil, valor suficiente para a contratação de uma rede de olheiros profissionais (muito bem pagos) espalhada pelo território brasileiro. Como se sabe, infelizmente, hoje o futebol brasileiro é um celeiro produtor e exportador de craques. Tal fato, em união com novos talentos tendo maior probabilidade de serem descobertos, geraria frutos inestimáveis para os clubes, sendo mais rentáveis para os cofres institucionais e gastando menos ao investir nos mesmos.
Algo é certo: não se deve abrir mão da experiência de grandes jogadores, mas há a necessidade de se enxergar que eles não são os únicos caminhos a serem traçados rumo ao sucesso financeiro e, quem sabe, se as direções dos times forem ao mínimo sérias, rumarão à formação de novos ídolos, optando pela formação "eluvial" de grandes craques.
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