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Atualizado: 24 de mai. de 2021

Renault anunciou petição contra os carros da equipe após o GP da Estíria


Por Valentin Furlan — Spielberg, Áustria


Ocon sendo perseguido por Pérez durante Grande Prêmio da Estíria — Foto: Reuters

"Mercedes Rosa". Talvez o maior meme a atualmente circular no mundo da Fórmula 1 nestes últimos tempos aos poucos deixa de ser uma simples piada e se torna motivo de preocupação para a parte "não-rosa" do paddock.


Após a bandeira quadriculada ser agitada para o vencedor do Grande Prêmio da Estíria, Lewis Hamilton, a Renault de Daniel Ricciardo e Esteban Ocon tratou de enviar à Federação Internacional do Automobilismo (FIA) um manifesto questionando a legalidade do atual WB20 utilizado pela Racing Point, uma subsidiária da Mercedes.


Acompanhe o documento oficial expedido neste último domingo (12):


Renault protestou contra o carro de Sergio Pérez após o GP da Estíria; Lance Stroll também terá máquina investigada — Foto: FIA / Reprodução

"Razão: Protesto apresentado pela Renault DP World F1 Team, alegando violação dos Art. 2.1, 3.2, Apêndice 6 Parágrafo 1, 2(a) e 2(c) do Regulamento Esportivo da FIA de Fórmula 1 2020, durante a corrida", consta na declaração.

Antes de entrar no mérito do pedido da equipe francesa, cabe delegar algumas informações.


Primeiro, "copiar" partes ou equipamentos de outros carros do grid não é algo fora do regulamento, muito pelo contrário. Desde que entrou na categoria em 2016, a Haas, a título de exemplo, é a equipe que mais se aproveita desta regra, acertando parcerias com a Ferrari, sua atual fornecedora de motor.


Em segundo lugar, já é sabido que a Racing Point acerta um noção de parceria com a Mercedes desde 2015. Nela, visa à produção de algumas partes do carro ou de peças listadas da equipe alemã. Com 'listadas', refere-se às partes, como caixa de câmbio, túnel de vento ou componentes da suspensão, por exemplo, que podem ser compradas ou trocadas com equipes rivais.


Por fim, somando as boas performances que o carro rosa tem apresentado durante os treinos dos dois últimos finais de semana, cabe a questão: o que mudou de 2019 para 2020?


Simples: o dinheiro. Desde quando deixou de ser "Force Indian", a BWT, patrocinadora máster da construtora, vem injetando uma boa quantidade de verba no time que, junto à ascensão de Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll, parceiro de equipe de Sergio Pérez, e dono de grande parte das ações da Racing Point, gerou um excedente capaz de cobrir maiores despesas, incluindo o aprimoramento em diversos setores do carro, conforme afirmou Andrew Green, diretor técnico da equipe, durante o GP deste fim de semana.


Tratando, agora, do documento emitido pela Renault: o que cada um destes artigos quer dizer?


A equipe francesa inicia o apelo pelos artigos 2.1 e 3.2, respectivamente: "todos os times devem seguir estritamente às regulamentações técnicas" e "devem cumprir com elegibilidade e segurança". Apesar de não serem o teor principal da reclamação, cabe atentar-se principalmente ao primeiro artigo, que suspeita de possíveis irregularidades ou violações e falta de cumprimento de partes do regulamento no que se refere à montagem da máquina.


A parte principal do protesto: o parágrafo 2(a) faz referência justamente às peças listadas citadas anteriormente. A pergunta a ser respondia à Renault é se a Racing Point seguiu com restrição o mandatório, alegando supostas violações da regra, se utilizando apenas dos fragmentos citados dentro do acordo com a Mercedes. Vale destacar que a equipe se utiliza do mesmo túnel de vento, suspensão e caixa de câmbio do W10 da equipe alemã de 2019.


A parte 2(c) é outra muito polêmica. Não se pode copiar o design de um carro de outro construtor. Dadas as semelhanças do atual WB20 para o W10 do ano passado, diria que se trata de um tiro promissor. A grande tentativa é de provar que a Racing Point utilizou os mesmos rascunhos ou teve carro desenhado por outra equipe do paddock, duas coisas estritamente proibidas. Segundo o livro de regras, há duas alternativas: ou a própria equipe realiza design de sua máquina ou o faz através de terceiros, desde que não seja um rival de pista.


A semana na qual entramos promete muita discussão e tensão no deslocamento à Hungria. Conhecendo a FIA e visando ao extermínio completo de atritos e inevitáveis suspeitas, conforme o caso do DAS envolvendo Mercedes e Red Bull, é muito provável que se tenha alguma solução ainda antes da corrida em Budapeste, neste fim de semana.

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